O sumo-pontífice nascido na Argentina faz de novo história como o primeiro papa que visita o Iraque, onde chegou com uma "mensagem de paz", expressa com apelos ao fim da violência e à reconcilização no país em guerra há décadas.
As imagens televisivas, das maiores cadeias mundiais, mostram o papa Francisco a repetir o apelo em Mossul, por entre as ruínas deixadas na guerra contra o Estado Islâmico.
Antes, no primeiro dia, viu-se em Bagdad, após a receção no aeroporto pelo primeiro-ministro Mustafa al-Kadhimi e no palácio presidencial pelo chefe de Estado Barham Salih, quando o papa Francisco presidiu à missa na catedral de S. José da Caldeia.
O papa ao longo da sua visita tem dito aos muçulmanos que o diálogo inter-religioso tem de começar por acolher de volta muitos dos cristãos que deixaram o país. O Iraque em menos de duas décadas perdeu mais de dois terços dos cinco milhões de católicos que contava no fim do milénio.
Covid no Iraque
Ante as recomendações de epidemiologistas contrárias à visita, o Vaticano garantiu que o sumo-pontífice de 84 anos, os 20 membros do seu gabinete e os mais de setenta jornalistas e tripulação no avião papal iam estar todos vacinados contra a Covid.
"Mas não estão vacinados contra a Covid a maior parte dos que vão receber o papa", replicou a OMS-Organização Mundial de Saúde, ao alertar para os "grandes riscos em que incorrem as populações do país" com esta visita que vai "atrair multidões entusiásticas, logo com grandes aglomerações, sem distanciamento social e ... a maioria sem máscaras".
No Iraque minado pela guerra de duas décadas, desapareceram muitas das infraestruturas de Saúde, estão reduzidos ao mínimo os recursos disponíveis tanto materiais como humanos.
O novo coronavírus já fez mais de treze mil e quinhentas mortes e infetou mais de setecentos mil dos 40 milhões de iraquianos.
1º encontro entre chefias Hazwa e Católica em peregrinação histórica
Sábado: foi a peregrinação à histórica Babilónia, ao berço de Abraão, patriarca de judeus, cristãos e muçulmanos, as três religiões monoteístas. Histórica também pelo que se acredita ser o primeiro encontro entre os líderes máximos do Catolicismo e do Hazwa (Islamismo Xiita).
O papa Francisco, além de realizar a peregrinação que todos os seus antecessores na Santa Sé sonharam e não alcançaram, concretiza o encontro que representa o reconhecimento internacional e inter-religioso da doutrina xiita — defensora da separação entre a igreja e o Estado, contrária à teocracia do vizinho Irão.
O Grande-Aiatolá Ali al-Sistani, de 90 anos, acolheu o Sumo Pontífica "na sua modesta casa de Najaf, cidade santa no Iraque Central", descreve o académico Hayder al-Khoei numa crónica na NBCN online este domingo. Professor associado a várias think tank e universidades do Reino Unido, Estados Unidos e França.
"As similaridades entre os líderes" ficou demonstrada no encontro, mantido a título privado, "sem pompa ou protocolo, sem comitiva de chefe de Estado", segundo descreve al-Khoei, que é neto do antecessor de Sistani, o Grande-Aiatolá.
Fontes: CNN /outras. Fotos (AP): Imagens da primeira visita dum papa ao Iraque. A catedral de São José foi construída noa anos de 1950 sobre uma antiga capela.