Os referidos comerciantes transportam em carrinha (ver fotos nesta peça), nas ligações marítimas diárias entre Santo Antão e São Vicente, produtos diversos, nomeadamente verdes, derivados de cana sacarina e outros artigos da primeira necessidade. E fazem as vendas junto do mercado municipal da Ribeirinha, no Mindelo.
A reportagem do Asemanaonline soube que alguns vêm sendo obrigados pelos fiscais municipais a arrumarem seus produtos e saírem do espaço muito antes das 12h, fixado oficialmente para o efeito.
Maria Gomes, da ilha de Santo Antão, mostra-se descontente com esta situação. Conforme avança, o “horário deveria ser respeitado e talvez mais alargado”, já que com esta pandemia as “vendas diminuíram”, complicando a vida de muitos comerciantes.
Já a sua colega Maria Évora aponta que, neste momento, estão a “desenrascar” e tentar “sobreviver” com o pouco que ganham das vendas. Questionado sobre algum prejuízo com o resto do produto que não for vendido, responde que esse é um problema que acontece frequentemente com todos os comerciantes, por serem produtos com pouca durabilidade que acabam por estragar. Com isso, a comerciante é de opinião que o horário deve ser alargado para que as pessoas possam vender mais e ganhar mais. Maria Évora frisa que o mais “triste” é ver os produtos a estragarem quando “há famílias que não têm o que comer”.
No decorrer desta ronda do Asemanaonline, o comerciante Jailson Monteiro lembra que antes da pandemia os restaurantes, bares, hotéis faziam “excelentes compras”, mas agora “muitos já não vêm porque quase tudo está parado, o que é de lamentar.
Para que o espaço fosse mais aproveitado e as pessoas pudessem ganhar mais, a vendeira Hiliontina Tavares sugere que fosse cobrado, pelo menos, um valor de 100$00, onde os comerciantes pudessem ficar até mais tarde e conseguir vender mais. “Acho que pelo simples fato de não estarmos a pagar pelo uso do espaço somos obrigados a encerrar as nossas vendas, segundo ordens dos fiscais, o que é para nós lamentável”, critica. Indica ainda que deveria ser criada condições para que toda a atividade de venda de produtos decorra de forma melhor e segura.
Bons preços e distanciamento de pessoas
O espaço é totalmente ocupado às segundas, quartas e sextas-feiras, a partir das 10h até supostamente às 12h. Com a chegada das mercadorias, a área começa a ser insuficiente para os carros, comerciantes e fregueses. O distanciamento, que é uma das medidas de prevenção de covid-19, é quase inexistente neste espaço. São toneladas e toneladas de verduras, frutas, vegetais e legumes que acabam por atrair fregueses, que antes mesmo das 10h já estão à espera dos frescos de Santo Antão.
Maria Vicente prefere fazer as compras para casa neste lugar, por serem produtos mais “baratos” e certamente mais “frescos” e com muita qualidade. A dona de casa também apoia a insatisfação destes comerciantes e avança que a criação de “barracas de vendas” seria uma das formas de trazer “melhores condições” durante a realização das atividades dos comerciantes.
A falta de espaço próprio para a descarga dos produtos e a falta de alargamento do horário de vendas, são os grandes problemas destes comerciantes que procuram sobreviver com o que conseguem arrecadar neste negócio ambulante.
Recorde-se que a descarga e a venda de produtos agrícolas vindos de Santo Antão, eram feitas na zona de Fonte de Francês (Torrada), onde em Janeiro de 2020 passou a ser proibida, devido à falta de higiene e pelas condições sanitárias não existentes naquele local”, conforme uma nota da Câmara Municipal de São Vicente enviada à comunicação social naquele ano.
Arménia Chantre/Redação