Em declarações à Agência Lusa, esta sexta-feira, 09, o Presidente da Associação, Albertino Gonçalves, disse que as matanças de tartarugas marinhas nas praias de São Vicente acontecem desde o mês de Junho passado.
Conforme a mesma fonte, “Ponta Pon”, que possui licença para vigiar as praias da ilha, só arrancou a sua atividade a 01 Agosto, dois meses após o início da época de desova, por causa de atrasos nos desembolsos das verbas para financiar os seus trabalhos.
O responsável associativo garantiu ainda, que desde o ano passado há registo de muitas tartarugas mortas em várias praias de São Vicente, designadamente Jon Débra, Calhau, Sandy Beach e Calheta. “As matanças são feitas por humanos, mas sobretudo por cães vadios que existem nessas encostas. Isso, tudo por causa da falta de financiamento para fazer a vigilância nestes locais”.
O líder do “Ponta Pon” confessou que, pelo número de restos e rastos encontrados nas praias, tudo indica que foram mortas mais de 30 tartarugas nessas praias não vigiadas. Entretanto, para minimizar os impactos dos ataques de cães vadios, Albertino Gonçalves adiantou à “Lusa” que a associação que dirige vai envolver outras entidades, regionais e nacionais, para proteger, não só as tartarugas marinhas, mas também outros animais.
"Ultrapassa as competências da Associação “Ponta de Pon” dar combate aos cães vadios nessas praias e em toda a ilha de São Vicente. São abandonados, sem dono e infelizmente, é uma questão de saúde pública", salientou, dizendo que a única coisa que os voluntários fazem é afastar os cães.
"Nós não vamos matar nenhum cão. Os voluntários têm instrução para isso, mas correm sérios riscos, bem como as outras pessoas que frequentam essas praias", alertou o Presidente da Associação, que desde 2007 possuiu licença para vigiar as praias de São Vicente, numa extensão de cerca de 30 quilómetros.
O alerta sobre os ataques de cães vadios às tartarugas nas praias de São Vicente também foi dado pela Associação Biosfera I, considerando que isso "tem constituído uma grande ameaça à sobrevivência dessa espécie". Por isso, a Associação chamou a atenção das autoridades e pediu aos donos desses cães que cuidem dos seus animais nessa época de desova.
O responsável chamou igualmente, a atenção para a venda da carne de tartarugas aos turistas que desembarcam na ilha, pelo que a Associação vai lançar uma campanha de sensibilização no Aeroporto Internacional Cesária Évora, envolvendo crianças de vários bairros.
De salientar que população de tartarugas “Caretta caretta” de Cabo Verde é a terceira maior do mundo, sendo apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos) e em Omã (Golfo Pérsico).
No ano passado, o país registou 124 mil ninhos de tartaruga, um número recorde e três vezes maior do que o do ano anterior, situação para a qual até agora ninguém encontrou uma explicação, refere a Lusa.