A informação foi avançada à Inforpress, pelo membro e secretário da Associação de artesãos de São Nicolau, Hernâni Pires que falava sobre as preocupações da recém-criada comunidade de artesãos que tem como objectivo promover e dinamizar o artesanato dentro e fora da ilha.
A associação de artesãos de São Nicolau nasceu a partir duma constatação de duas designers portuguesas que estiveram na ilha a promover uma formação a artesãos locais por ocasião da realização da 2ª edição do ‘Meet Up trekking’, conforme lembrou o artesão.
A partir daí, os artesãos foram convidados a participar na primeira feira de artesanato intitulado “Móntra” e a constituir uma associação que representasse e unisse a classe.
Após a sua constituição, como membro da associação percebeu algumas preocupações que pretende levar para a próxima reunião marcada para o mês de Janeiro onde vão delinear o plano das actividades a serem desenvolvidas ao longo do ano.
Segundo Hernâni Pires, ao longo do próximo ano estão previstas a realização de, pelo menos, três feiras de artesanato, uma delas por ocasião do Carnaval, bem como trazer artesãos de outras ilhas para promover formação de intercâmbio de experiências e ministração de técnicas a iniciantes e profissionais da área.
Para promover e impulsionar o artesanato local, Hernâni destacou a formação que alguns artesãos receberam no âmbito do projecto TASA (Técnicas Ancestrais, Soluções Actuais) durante o mês de Novembro com o intuito de aprender as formas de resgatar o que antigamente se fazia nas áreas de cestaria, marcenaria e serralharia.
Segundo o mesmo, o objectivo foi aprender a confeccionar peças antigas que se faziam na ilha e conferir-lhes algum design, inovação, modernidade sem perder de vista a sua função utilitária e decorativa.
No entanto, a disponibilidade de material para confeccionar artigos, nomeadamente ferramentas e matérias-primas, constitui ainda uma das maiores dificuldades e preocupações na área de artesanato em São Nicolau.
Estas dificuldades têm tido algum impacto nas vendas, embora alguns trabalhem sob encomenda, apontou ainda a falta de um espaço apropriado para a exposição e venda de artigos “genuinamente São Nicolau” para promover o produto.
“Fizemos exposição no centro cultural Paulino Vieira, as pessoas ficaram a reclamar que o espaço era fechado e que deveria ser noutro lugar” disse.
“Já ouvi pessoas a queixarem-se de que não encontram um espaço apropriado para comprar uma lembrança de São Nicolau e recorrem às lojas chinesas” acrescentou.
Questionado sobre se os artesãos de São Nicolau dispõem do cartão de artesão, Hernâni Pires respondeu que não sabe se todos têm, mas é mais uma preocupação para associação ter em conta e que levanta uma certa discussão, uma vez que constitui uma “prioridade”.
“Penso que alguns colegas que já participaram nas feiras como Urdi e Fonartes devem ter um cartão desses. Penso que se alguns têm e outros não, acho que é algo para discutirmos e tem de ser prioridade”, sublinhou.
Acrescentou ainda que se a associação é constituída de pessoas sérias “então todos os seus membros têm que ter um cartão para identificar e evitar quaisquer constrangimentos” na profissão, referiu.
A Associação de artesãos de São Nicolau – Urzela nasceu a 14 de Dezembro com nove membros, tendo como presidente o artesão Mateus Ramalho. A Semana com Inforpress