Em declarações à Inforpress, o também actor, dinamizador sociocultural e técnico da juventude, que reside em Portugal, disse que tem sido uma “viagem fantástica”, porque os contos tem sido um reviver das suas vivências, mas ao mesmo tempo uma experiência um “pouco agridoce”.

Isto porque, continuou, apesar da riqueza oral que Cabo Verde tem, não tem sido dado essa importância, lembrando que há o aspecto positivo de estará a ser registado e que talvez, no futuro, possa servir como material escolar e não se perder.

“As histórias trouxeram-me o sentido verdadeiro do Blimundo, sendo o Blimundo a lenda que nos retrata enquanto povo, enquanto nação e personagem do nosso imaginário”, afirmou Adriano Reis, que esteve em Tenerife (Espanha), de 09 a 14 de Setembro, numa residência artística com a colega Maria Kapitán, com quem está a desenvolver um novo trabalho sobre as vivências para estrear em 2024.

Ainda em Novembro, vai estar no Rio de Janeiro (Brasil) a representar Cabo Verde num evento que vai reunir também o moçambicano Klement Tsamba e o guineense Atcho Express, sendo que no Brasil também colaborou com a Estrela Editora, uma editora cultural com laços lusófonos, que desafiou os escritores e contadores de histórias lusófonos a escreverem sobre as vivências, crenças e mitos do seu país, num trabalho a ser publicado no dia 05 de Maio de 2024.

Segundo Adriano Reis, que este ano já esteve em Cabo Verde, Luxemburgo, Açores, Canárias, Galiza e outras cidades de Portugal, como Idanha-a-Nova, para contar histórias, no dia 26 de Setembro vai estar a participar no seminário transnacional do projecto “Cidade+: Destinos Turísticos Cidades Património Mundial”, a ter lugar em Cidade Velha, no Centro Cultural local, a partir das 10:00.

Ainda sobre Cidade Velha, o cabo-verdiana que vive em Portugal desde 2003 indicou que vai sair no primeiro trimestre do próximo ano uma brochura de 62 páginas com o título “Cidade Velha – Cabo Verde: Solera porta ku nôs Géntis grándi (1ª Jornada di Um Sanpadjudu na ilha di Santiágu)” em Português “Cidade Velha – Cabo Verde: soleira da porta com os nossos mais velhos (1ª jornada de um sanpadjudo na ilha de Santiago)”, um trabalho em que Gil Moreira faz a revisão do crioulo.

“E primeira trilogia da jornada de um sanpadjudo na ilha de Santiago [Adriano Reis é de Santo Antão, e nesta condição são chamados sanpadjudo pelos naturais de Santiago]. Espero que a segunda jornada dessa trilogia saia em 2025”, contou, explicando que esse projecto tem o apoio do Instituto do Património Cultural (IPC) e da Câmara Municipal de Ribeira Grandes de Santiago.

Neste sentido, o lançamento da brochura será também acompanhado por uma exposição, no Centro Cultural de Cidade Velha, com imagens das vivências das “gentes de Cidade Velha”, com o objectivo de mostrar que existe uma cultura que é dos cabo-verdianos, mas que nem todos conhecem, por exemplo, uma pessoa da ilha de São Vicente pode não conhecer a cultura da ilha de Santiago.

Por outro lado, o contador de histórias disse que saiu recentemente a segunda colectânea de histórias Macaronésia “Imigrante da Palavra”, que tem o apoio do Governo Regional dos Açores.

“Na primeira colectânea contei histórias fazendo fiz ligação entre as lendas e os dizeres com base nas minhas recolhas, sobre Cabo Verde, Canárias, Açores e Madeira. A segunda colectânea, vem numa linha totalmente diferente, respondendo mais ao porquê de sermos o povo que somos”, esclareceu.

Para além dos vários projectos, ainda até ao final deste ano, Adriano Reis vai estar em vários sítios, como a contar histórias sobre Cabo Verde, como nas escolas do concelho de Sintra, Oeiras e várias outras cidades do interior de Portugal.

A Semana com Inforpress