Em declarações à Inforpress, o coordenador do “Inclusion4all”, Wanderley Antunes, que que já foi presidente da AEAB, de 2019 a 2021, explicou que o projecto foi criado há um ano, em parceria com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), que acolhe muitos alunos africanos, na maioria dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), sendo que os estudantes cabo-verdianos formam a maior dessa comunidade.
Actualmente, coordena o projecto “Inclusion4all”, que visa a Wpromoção de integração e inclusão dos estudantes que escolhem o IPB e Bragança para prosseguirem a sua formação superior”, disse Wanderley Antunes, que fez esse percurso nesse instituto, com curso técnico, licenciatura e mestrado.
Segundo ele, o projecto foca-se na redução de assimetrias promotoras das desigualdades, através quatro áreas de intervenção, sendo cultura de conhecimento, desporto, economia socia e formativa, implementando e acompanhando um conjunto alargado de actividades lúdicas, desportivas, recreativas, culturais, mas também no apoio económico e apoio aos estudos.
Iniciativas de apoio ao estudo e formação não formal e apoio à criação de emprego e oportunidades, também fazem parte das intervenções do projecto que no primeiro ano beneficiou cerca de 600 estudantes de forma directa, e para este ano, tem planeado promover uma formação em “bar e mesa” para que os estudantes trabalhem durante as férias e conseguiam algum rendimento.
Também para este ano, o projecto tem programado uma formação intensiva em Empreendedorismo para África para os alunos que estão no terceiro ano e queiram voltar o país de origem.
Segundo Wanderley Antunes, natural de São Tomé e Príncipe, a AEAB, promotor do Inclusion4all”, foi fundada a 04 de Julho de 2021, com os estudantes cabo-verdianos que foram os primeiros a chegar ao IPB e alunos de outras nacionalidades, e tem neste momento uma vice-presidente que é cabo-verdiana, a Yarin Monteiro.
A Associação de Estudantes Africanos em Bragança representa todos os estudantes africanos que escolhem o IPB e Bragança e actualmente conta com uma comunidade de mais de 2.000 alunos do continente africano, provenientes de vários países, essencialmente dos PALOP.
“Os cabo-verdianos estão muito bem integrados e tem alguns que trabalham no IPB e a comunidade cabo-verdiana foi uma das primeiras a chegar no IPB, por isso tiveram um acompanhamento desde início, porque sempre que chegavam tinham algum conhecido para os receber e essa integração tem sido feita desta forma de inter-ajuda”, contou, indicando como exemplo, cabo-verdianos que abriram pequenos negócios em Bragança.
Actualmente, depois da comunidade cabo-verdiana, que é a maior, com mais de mil alunos, aparece a guineense que tem cerca de 500 alunos, depois São Tomé e Príncipe com pouco mais de 200 anos e a menor comunidade que é a Moçambicana que tem cerca de 50 alunos.
“O maior desafio é que, embora sejamos todos africanos, somos de vários países diferentes, com costumes e hábitos diferentes, e para quem está à frente de uma organização como a AEAB, tem que ser capaz de conseguir conciliar e ser, muitas vezes, imparcial e olhar para o bem comum”, frisou.
A AEAB tem também uma uma equipa do futebol como o mesmo nome, AEAB-IPB, criada em 2012, que joga no Campeonato Regional do Detrito de Bragança e a maioria dos jogadores são cabo-verdianos numa equipa multi-cultural, porque na opinião de Walderley Antunes, o desporto é a “maior ferramenta que se tem para a integração dos estudantes”.
O Instituto Politécnico de Bragança é uma instituição pública de ensino superior de Portugal constituída por cinco escolas, sendo quatro em Bragança e uma em Mirandela: Escola Superior Agrária de Bragança, Escola Superior de Educação de Bragança, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Bragança, Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela e Escola Superior de Saúde de Bragança.
A Semana com Inforpress