O Asemanaonline foi visitar o Ateliê deste grande artista plástico para saber um pouco mais do seu trabalho e como está a lidar com esta pandemia de covid-19. Nesses tempos, nada lhe pode parar. “Continuo a pintar para não perder o estímulo por esta atividade que gosto de fazer”, salienta.
O pintor viu diminuir a presença de pessoas no seu ateliê, devido esta situação pandémica que tem devastado o mundo. No entanto, afirma que vai aguentando com uma pensão que recebe da Suíça e que uma vez ou outra vende as suas obras.
O criador de quadros lamenta o fato de muitos artistas estarem a passar por este momento difícil, porque muitos vivem da arte. É neste sentido que questiona, por exemplo, o funcionamento de alguns restaurantes, e mesmo assim “não há lugares para espetáculos”. O artista apoia a ideia de “haver espetáculos”, mas com o cumprimento rigoroso das recomendações do ministério da saúde. “O setor da cultura vai ser sempre afetada por esta pandemia, que está por toda parte”, frisa Tchalê, apontado que “ver espetáculo via internet nunca vai ser a mesma coisa que ver presencialmente”, mas, como diz, pode ser que “colmate uma certa lacuna”.
“A arte tem que ser vivida, sentida e tem que ter espetadores”, confessa o artista, que coloca a esperança em tempos melhores que estão por vir. Tchalê confessa que “o grande objetivo nunca foi a venda de quadros”, mas sim é “fazer o que mais gosta e continuar a trabalhar”, apesar que o que ganha com os quadros lhe “ajuda a viver”. Indica que as portas do seu ateliê vão estar sempre abertas para receber as pessoas que “interessam pelo seu trabalho ou por mera curiosidade”.
Para o artista, é difícil explicar com palavras o significado das suas obras, e em poucas palavras seria uma representação do seu mundo, onde criou um “certo estilo ou mitologia pessoal”. Dentro desse mundo “onírico de sonhos”, Tchalê afirma que também são sobretudo, mensagens de “coisas que observo no mundo”, por exemplo, “pinto ditadores, amor, terror, feio, bonito, …”. O artista exemplifica o quadro “bocas cozidas” que, segundo diz, representa a liberdade de expressão.
Num momento complicado como este de pandemia Covid-19, não vale desistir. O mesmo aconselha a todos os artistas a “continuarem a fazer as coisas com perseverança”, pois “temos que viver sempre com utopias”.
Tchalé Figueira nasceu a 02 de outubro de 1953 na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente. É um artista cujas suas obras já foram exibidas, além de Cabo Verde, em vários países como Portugal, França, Suíça, Angola, Holanda, entre outros.
Mas não só é da pintura que o artista plástico ocupa os seus dias, pois escreve também. Diz que são “as duas coisas que mais gosta e sabe fazer”. Tchalê é autor de várias obras literárias de contos e poesia, com livros como ’Todos os naufrágios do mundo’ (1992), ’Onde os sentimentos se encontram’ (1998), ’O azul e a luz’ (2002), ’Solitário e Ptolomeu Rodrigues’ (2007), ’Contos de Basileia’ (2011), ’Cesária - A rota da Lua vagabunda’ (2015), com Vasco Martins.
AC/Redação