De acordo com informações do DW, a investida ficou conhecida como "Gukurahundi", palavra que em Shona - língua da maioria étnica no Zimbabué - significa: "A chuva precoce que lava o joio antes da chuva da Primavera". A expressão representa a série de massacres do povo Ndebele entre 1983 e 1985 no sul do país.
Ainda como primeiro-ministro, Robert Mugabe enviou a infame "5ª Brigada" para a região com o pretexto de tomar medidas contra dissidentes. Tratava-se de apoiantes da União Popular Africana do Zimbabué (ZAPU), liderada por Joshua Nkomo, rival político de Mugabe.
O trauma ainda está presente após três gerações. "Se o luto e os seus rituais falharem, isso não desaparece simplesmente", diz Jenni Williams, ativista dos direitos humanos. "Não há certidões de óbito ou nascimento para as vítimas de massacres ou seus familiares. Muitas vidas estão praticamente paralisadas", diz em entrevista à DW.
Williams acredita que o perdão pelos crimes cometidos contra milhares de pessoas há quase 40 anos não pode ocorrer. "O Governo deve primeiro admitir que enviou soldados para Matabeleland para matar", opina.
Os massacres estão entre os períodos mais sombrios da história do país desde a independência em 1980. Estima-se que mais de 20 mil pessoas perderam as suas vidas somente no período da "Gukurahundi".
No entanto, ainda são encontradas valas comuns de diferentes momentos de violência no Zimbabué, que não ficaram somente restritos aos anos 1980. Um exemplo, foi o massacre nas minas de Marange em 2008. Militares do Governo de Mugabe teriam matado mais de 200 pessoas durante a violenta aquisição dos campos de diamantes.
Salienta-se que três anos mais tarde, em 2011, 1.000 cadáveres foram encontrados em velhos poços de minas perto do Monte Darwin, a 100 quilómetros a norte de Harare. Governo divulgou que se tratavam de antigos combatentes da guerra de libertação, mortos nos anos 1970.