Alvo habitual de ações judiciais por criticar as políticas do presidente filipino, Maria Ressa foi uma das intervenientes no encontro por videoconferência em fins de dezembro do qual saiu uma declaração assinada por mais de 50 países para proteger jornalistas.
Segundo a jornalista tem vindo a escrever e a depor em entrevistas, há "duas batalhas que ocorrem ao mesmo tempo no solo filipino". Uma, diz, é em referência à liberdade de expressão. Ela sabe do que fala: em menos de um ano já foi presa duas vezes (foto), "numa maquinação entre o regime e o poder judicial para silenciar a imprensa livre". Silenciar quem noticia o que acontece ao cair da noite nos bairros pobres da cidade.
A outra batalha, a dos esquadrões da morte a realizar o que designam de "limpeza". Os "suspeitos de consumo de droga, nem é preciso provar, são abatidos" sumariamente, sem inquérito, sem tribunal.
A força de Duterte que ganhou as eleições prometendo eliminar todos os males da sociedade filipina assenta no sentimento de insegurança que os cidadãos vivenciam há décadas.
A jornalista refere que ao ler os documentos das relações EUA-Filipinas, recém-desclassificados, nota o evidente paralelo entre o hoje e o passado. Há 48 anos a CIA informava o presidente americano Nixon sobre a imposição da lei marcial por Ferdinand Marcos (1965-1986).
Sob Trump como há décadas sob Nixon, o presidente nas Filipinas obteve o apoio do chefe da primeira potência, ambos eleitos com promessas populistas.
Fontes: Philippine Daily Inquirer/ Le Monde/AFP/he Guardian/Washington Post. Relacionado: Filipinas: "É flagrante a semelhança entre Marcos e Nixon e Duterte e Trump", diz jornalista que divide o seu tempo entre redação e tribunal como ré, 11.mai.019; Foto do Ano tematiza execuções sumárias na ‘guerra à droga’ do presidente filipino Duterte, 16.mai.019.